Madonna, no dia 24 de Setembro último,
fez o lançamento no espaço mediático de uma curta-metragem intitulada “Secret
Project Revolution”, em parceria com o fotógrafo Steven Klein. Trata-se de uma
obra de denúncia das várias formas de violência existentes, que violam os direitos
humanos: a morte, a pobreza, a exclusão social, são algumas consequências.
Os poderes dominantes (os mercados
financeiros, os Estados) são postos em xeque. E o medo, que se instala nas
consciências como efeito, é um aliado dos opressores. Por isso, em seu lugar
deve pôr-se a coragem.
O espaço prisional, onde decorre
a encenação, é uma sinédoque prodigiosa deste estado do mundo, marcado pelo
delírio securitário, que valoriza a segurança em detrimento da liberdade, que
potencia a esquizofrenia social do cada um cuida de si, na indiferença alérgica
ao outro homem.
E estes aspetos da nossa desordem
coletiva e existencial são a consequência da homogeneização e da racionalização
do espaço e do esvaziamento do espaço público nas grandes metrópoles. A causa
de tudo isto temos de buscá-la no modo como a nossa civilização se organizou no
espaço, a partir da configuração que estrutura a sua relação à natureza e a
cada um dos homens. Como se sabe, o modelo económico em que se baseiam as
sociedades ocidentais, nomeadamente, ocupa uma posição dominante em toda a estrutura
social, nele residindo uma causa objetiva dos males referidos.
A “Revolução do amor” é a proposta de
Madonna para um mundo diferente. Se pensarmos que “revolução” significa o ato de
descrever uma volta completa em torno de um eixo fixo, vemos como as inércias e
as resistências da ordem existente tornam difícil tal mudança. Mas está em cada
um, onde reside “um poder messiânico fraco”, o poder de trabalhar para que tal
seja possível. Como diz este pensamento de Sartre, que surge no fim do filme: “a
liberdade é o que tu fazes com o que te foi dado.”
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