Nem sempre, no âmbito da reflexão teológica ou da formação religiosa, se dá o devido realce à figura de S. Tiago. A razão de tal subvaloração pode estar relacionada com a relativamente escassa produção escritural daquele (apenas uma Carta), bem com das limitadas referências bíblicas a seu respeito pelos outros autores. 
Contudo, o que se diz aí é muito relevante. S. Tiago era um dos irmãos de Jesus (Mc. 6,3; Mt. 13,55), um seu apóstolo que assumiu a direção da comunidade primitiva de Jerusalém, com Cefas e João, sendo nessa qualidade que investiu S. Paulo na sua missão evangelizadora (S. Paulo, Gal. 2, 9). 
A sua Carta, que permite aquilatar a radicalidade com que viveu o Evangelho, é um convite à conversão à verdadeira fé, que se finaliza na construção de um mundo justo onde a riqueza criminosa é posta em acusação. 
Razões suficientes para que a elite sacerdotal (os saduceus),  no ano 62, o tenha condenado à morte por lapidação, vendo nele um perigo religioso e político só comparável ao que Jesus representara 32 anos antes.
Sobre os ricos, veja-se a seguinte passagem: 
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1 Pois bem, agora vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que estão para vos sobrevir. | 
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2  A vossas riqueza apodreceu e as vossas vestes  estão carcomidas pela traça. | 
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3 O vosso ouro e vossa prata estão enferrujados e a sua ferrugem testemunhará contra vós e devorará as vossas carnes. Entesourastes como que um fogo nos tempos do fim! | 
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4 Lembrai-vos de que o salário, do qual privastes os trabalhadores que ceifaram os vossos campos, clama, e os gritos de ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos. | 
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4 Vivestes faustosamente na terra e vos regalastes; vós vos saciastes para o dia da matança. | 
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5 Condenastes o justo e o pusestes à morte: ele não vos resiste. 
Carta de S. Tiago, 5, 1-6, A Bíblia de Jerúsalem | 
 
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