domingo, 2 de fevereiro de 2014

GRÁFICO DO BANCO MUNDIAL SOBRE O CRESCIMENTO DO RENDIMENTO DAS PESSOAS ENTRE 1988-2008

                                                                         
Já sabíamos que "esta globalização mata". Confirma-o este gráfico bem recente do Banco Mundial, que mostra que no período ente as duas Quedas - do Muro de Berlim (1988) e de Wall Street (2008) – assistimos a um aumento exponencial do rendimento de uns, a um aumento precário de outros muito pobres e à queda vertiginosa de outros tantos, os excluídos doas benefícios do crescimento económico.
Concretizando:
1) - um setor de 10% de muitos pobres melhorou o seu rendimento cerca de 40%, mas esse crescimento ficou bloqueado nesse patamar; (cf. barra ao fundo, lado esquerdo do gráfico)
2) - um setor muito amplo (mede-se em milhões) das classes médias dos países ascendentes - sobretudo a China, seguindo-se a Índia, o Brasil, a Indonésia e o Egito – melhorou significativamente o seu rendimento (cf. linha pontuada no seu ponto mais elevado do gráfico);
3) uma elite global de topo que viu o seu rendimento subir em flecha (cf. linha vertical ascendente, do lado direito);
4) – uma classe média tradicional que viu declinar o seu rendimento (cf. à direita, linha descendente;
5) – e um grupo de cerca de 10% da população mundial (metade é constituído pelas populações africanas, e a outra metade por pessoas dos países ex-comunistas e também dos EUA e da Alemanha), que viu o seu rendimento diminuir (cf.na linha dos mais pobres, a cifra -5, entre o percentil 75 e o 85).
Esta situação é descrita nestes termos pelo autor do relatório do Banco Mundial (Branko Milanovic): “o que aconteceu é provavelmente a mais profunda recomposição das posições económicas das pessoas desde a Revolução Industrial”

A liberalização dos mercados é apontada como a causa principal deste estado de coisas, de acordo com Paul Krugman, pois os Estados ficaram privados do seu papel regulador da atividade económica e financeira.

E agora o que fazer? É aqui que reside o buraco da nossa ignorância e da nossa incapacidade de agir em termos concretos eficazes. Mas sabemos que a solução não vem espontaneamente da boa vontade dos que viram o seu rendimento melhorado durante este percurso. E também é difícil imaginar que o setor perdedor tenha condições objetivas e subjetivas para alterar significativamente tanto o seu padrão de vida como infletir mudanças que afetem a dinâmica do sistema global.
Mas em face das enormes dificuldades de mudança do sistema, parece acertado pensar que a alternativa, que é política, só pode vir dos que se encontram na base da pirâmide, com ao apoio dos que., por razões éticas ou outras, se encontram disponíveis para trabalhar numa alternativa, que opere uma mudança na situação da desigualdade na repartição dos rendimentos à escala global.