Este filósofo disse a certo passo o seguinte:
"Assim como há duas memórias, a memória repetição e a memória interrogativa e crítica, há duas espécies de esquecimento. (...) o de um deficit de memória activa, que é um esquecimento de fuga; mas há também um esquecimento voluntário, aparentado ao perdão e que pertence à terapêutia da vingança. Este esquecimento, cultivado com precaução, põe um termo à vingança, sem abolir a responsabilidade moral, solidária de uma culpabilidade sem fim.”
Na linha deste pensamento, lemos hoje, no Público , uma entrevista do bispo anglicano Desmond Tutu, que teve um papel relevante no desmantelamento do Apartheid na África do Sul e seguidamente na Comissão pela Justiça e Reconciliação.
A dado passo da entrevista, à questão “perdoando aos agressores faz-se justiça às vítimas?”, responde:
relação. Não estamos tanto à procura de punir, mas sarar, e vê-se. Os agressores, para serem amnistiados, tiveram de confessar em publico os actos que tinham cometido.”
Para além da bondade do pensamento do filósofo e da atitude do bispo, fica para sempre em suspenso a justiça contra o irreparável da injustiça contra as vítimas.
Quem as poderá salvar ainda? Só a fé crente pode ser uma esperança a cumprir por Aquele em que se acredita.