quinta-feira, 20 de junho de 2013

NÃO AFIRMES! – um poema de João Rui de Sousa

Quantos frutos, quantos ventos, quantos mastros
de grandes odisseias? Quanto sofrimento
(ou quanto necessário atrevimento) num só grito?
Quanto de aparente força é só miragem,
só ânfora de vazio?
Quanto de excremento e lume
num céu de calma e mito?

Quanto do destino é um bojudo cofre
pejado só de medo? Quanto consumido sonho
no queimante vinho?
Quantas vidas em ti próprio?
Quantas côdeas e fermentos – perdidas
manchas a alastrar por esse mundo?
Quanto tempo?

- Não afirmes, não te apresses,
não respondas,
enquanto não souberes fazer perguntas.

João Rui de Sousa, Enquanto a noite, a Folhagem, Tertúlia, 1991, P. 94.

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