segunda-feira, 10 de junho de 2013

O compromisso político do escritor: o exemplo de Aquilino Ribeiro



Grupo da SEARA NOVA:
Da esquerda para a direita; de pé: Teixeira de Vasconcelos, Raul Proença, Câmara Reys; sentados: Jayme Cortesão, Aquilino Ribeiro e Raul Brandão.
Texto1

“À tona desta sociedade, cada vez mais mecânica e febril, manter-se-á como peixe em água o escritor oficial. Este que é um baluarte da boa ética, fiche em matéria da pátria, de religião, de política, que decanta as virtudes ambientes do burguês, do banqueiro, do comerciante, que detesta Caliban; apenas porque veste de Cândido, este resiste à avalanche. Constituir-se-á uma geração de novos *Tolentinos à mesa posta do poder. Os salões, as academias, os cenáculos distribuir-lhes-ão as migalhas do açafate como alpista aos canários. E salvar-se-á desta forma a honra literária do século.”

*Nota: trata-se de uma referência a Nicolau Tolentino, poeta satírico do século XVIII, que se submeteu ao auto-empequenamento humilhante para poder prosseguir carreira burocrática.

Aquilino Ribeiro, entrevista concedida ao “Suplemento Literário” do Diário de Lisboa,1934.

                                                       Texto 2

 “Muito divago sobre a missão do escritor. [...] Que realize o mundo de beleza que traz em si, e é já alguma coisa. Quanto ao mais, que seja o que lhe apetecer, desde que não arme em fariseu, e não esteja nunca contra os simples, de braço dado com os trafulhas, nem contra os fracos de braço dado com os poderosos.”

"Solilóquio Autobiográfico Literário" in Mendes, Manuel (coord.), Aquilino Ribeiro, A obra e o homem,  Arcádia, Lisboa, 1977, 61-98.


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