domingo, 17 de março de 2013

“O teatro e o seu duplo”, Antonin Artaud (1896-1948)

A obra deste escritor e ator francês tomou expressão em vários domínios da criação estética: criação teatral, representação, teorização do teatro e da cultura e desenho.
É talvez no domínio do teatro que se revela a sua maior importância cultural, porque pensou a decadência do teatro como uma expressão da decadência da cultura e propôs o renascimento do verdadeiro teatro, que não representa a vida porque é a própria vida apaixonada e convulsiva, a que chamou “o teatro da crueldade”:
“para o teatro como para a cultura, a questão permanece de nomear e de dirigir as sombras: e o teatro, que não se fixa na linguagem e nas formas, destrói pelo facto as falsas sombras, mas prepara a via a um outro nascimento de sombras em torno das quais se agrega o verdadeiro espectáculo da vida.” (cf. ed. fr. De Le théatre et son duple, Gallimard, p. 19).
A influência deste ideal de Artaud foi grande, não apenas na encenação como na reflexão sobre o teatro. Por exemplo, Peter Brook, reconhece Artaud como um “génio iluminado” do que designa teatro sagrado (cf. Peter Brook, Espaço vazio, ed. Orfeu Negro, p. 69).
No domínio da filosofia, o exemplo maior do reconhecimento da importância teórica de Artaud é Derrida, nomeadamente no seu ensaio “la parole soufflé”, de 1964 (cf. L´´écriture et la difference, 253-292). Para este autor, é preciso retomar Artaud e ir além de Artaud.
Pretendo com esta breve nota e com o vídeo que segue chamar à colação este autor, tão pouco lido e estudado em Portugal.

Sem comentários:

Enviar um comentário