sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

“O festim da aranha”, por Alan Greenspan (Presidente do FED): paródia



2ºAndamento: o festim estragado

O narrador a braços com o seu malogro faz a seguinte confissão:
“Eu fiz um erro ao pensar que as organizações movidas pela busca do seu próprio interesse privado, em particular os bancos e as outras organizações deste género, eram, por esta razão, as melhores colocadas para proteger os seus acionistas e os seus investimentos.
[…] Algo que parecia um edifício muito sólido, e mesmo um pilar fundamental da concorrência e dos mercados livres, desmoronou-se. Eu fiquei chocado.
[…] Descobri uma falha na minha ideologia. Eu não sei em que grau ela é significativa e permanente, mas fiquei muito angustiado por isso. […] Eu descobri um erro no modelo que eu pensava que explicava a estrutura fundamental do funcionamento do mundo tal como ele é."
« I made a mistake in presuming that self-interest of organizations, specially banks and others, were such is that they were best capable of protecting their own share-holders and their equity in the rms […]
So the problem here is something which looked to be a very solid edice, and, indeed, a critical pillar to market competition and free markets, did break down […] I found a aw [in my ideology].
 I don’t know how signicant or permanent it is, but I have been very distressed by that fact […] found a aw in the model that I perceived is the critical functioning structure that denes how the world works, so to speak. »
(Discurso de Alan Greenspan em audição numa Comissão Parlamentar do Congresso, de 23 de Outubro de 2008)
Esta autocrítica de Greenspan acontece quando a crise financeira de 2008 estava já em marcha. Esta crise vem colocar, no terreno do pensamento e da política económica, a questão da legitimidade da “revolução liberal” posta em marcha a partir de Thachter (1979) e de Reagan (1981), de que Greenspan foi um protagonista privilegiado pelo cargo que exerceu na Reserva Federal dos EUA durante cinco mandatos presidenciais (de 1987 a 2006). Este protagonismo pode ver-se a dois níveis.
Por um lado, Greenspan é um ideólogo militante, um partidário do liberalismo (na versão neo) e da eficiência dos mercados, considerando nefasta toda a intervenção do Estado neste domínio. Por isso diz: “nada na regulação federal a torna superior à regulação dos mercados”.
Por outro lado, Greenspan teve um papel central à frente da Reserva Federal na desregulação do sistema financeiro, de que a Lei da Modernização dos Serviços Financeiros é um exemplo maior.
O saldo extremamente negativo deste ciclo mostra que as premissas em ele assentou são erradas, logo não servem de base a um crescimento económico estável, favorável à edificação de uma sociedade mais justa. Como consequência, continuar a pensar que as crises financeiras são anomalias reguláveis no âmbito do mercado é esquecer a natureza estrutural daquelas. Assim, só através da existência de uma instituição regulatória, em permanente processo de informação e de avaliação, é possível o exercício de um controlo do sistema que o contenha dentro de limites aceitáveis.  
Sobre o legado questionável de Alan Greenspan, pode ler-se online o paper do economista Thomas Palley: [PDF]The Questionable Legacy of Alan Greenspan.

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